A realidade é o que é, ou o que nosso cérebro processa e recria através do sensorial?
Mas se todas as pessoas são escravas de seus sentidos, isso também torna seus atos previsíveis. O interior de cada um, no entanto, permanece desconhecido.As pessoas podam seus estímulos internos, seu eu interno, de acordo com as convenções sociais. Mas a maioria das pessoas também desconhecem o próprio interior, por estarem guiadas apenas pelos órgãos do sentido.
Esse interior seria inexpressivo, quase nulo? O interior seria apenas um reflexo do que sentimos, aprendemos ou fomos condicionados a aceitar? Que parte desse interior permanece virgem, puro, intocado pelos estímulos externos? O que nosso cérebro ainda não percebeu graças às suas próprias deficiências? Qual o potencial dessa parte...? Seria essa a chave para a ilumina;ao maior, de algo nunca visto?
Porra
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Aprendizado
Quem diz Eu Sou, Eu Posso, Eu Tenho, não sabe Amar Incondicionalmente. Não precisamos gritar aos ventos "EU SOU", pois perante Deus somos todos Iguais.
O Ego nada tem de Divino. O Ego tem mil caras e mil máscaras. Por vezes é rude, impiedoso, violento, cínico, cruel… outras é educado, fino, sincero, amoroso, místico…
O Ego usa a máscara que mais lhe convier. O EU, de acordo com as circunstâncias, mostra-se tal como é ou esconde-se sob finas sutilezas.
O Ego não é mais que um grupo de "Eus"!
O Ego nada tem de Divino. O Ego tem mil caras e mil máscaras. Por vezes é rude, impiedoso, violento, cínico, cruel… outras é educado, fino, sincero, amoroso, místico…
O Ego usa a máscara que mais lhe convier. O EU, de acordo com as circunstâncias, mostra-se tal como é ou esconde-se sob finas sutilezas.
O Ego não é mais que um grupo de "Eus"!
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
"Para o mal..."
Sem nada pronto para publicar, aí vai esse trecho que adoro de "Assim falou Zaratustra"... :)
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Os olhos de Zaratustra tinham visto um mancebo que evitava a sua presença. (...) E, uma tarde, ao atravessar sozinho as montanhas (...) encontrou esse mancebo sentado ao pé de uma árvore, dirigindo ao vale um olhar fatigado. Zaratustra agarrou a árvore a que o mancebo se encostava e disse:
“Se eu quisesse sacudir esta árvore com as minhas mãos não poderia; mas o vento, que não vemos, açoita-a e dobra-a como lhe apraz. Também a nós outros, mãos invisíveis nos açoitam e dobram rudemente. (...) Porque te assustas? O que sucede à árvore, sucede ao homem. Quanto mais se quer erguer para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra as suas raízes para baixo, para o tenebroso e profundo: para o mal.”
Assim falou Zaratustra - Nietzsche
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Os olhos de Zaratustra tinham visto um mancebo que evitava a sua presença. (...) E, uma tarde, ao atravessar sozinho as montanhas (...) encontrou esse mancebo sentado ao pé de uma árvore, dirigindo ao vale um olhar fatigado. Zaratustra agarrou a árvore a que o mancebo se encostava e disse:
“Se eu quisesse sacudir esta árvore com as minhas mãos não poderia; mas o vento, que não vemos, açoita-a e dobra-a como lhe apraz. Também a nós outros, mãos invisíveis nos açoitam e dobram rudemente. (...) Porque te assustas? O que sucede à árvore, sucede ao homem. Quanto mais se quer erguer para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra as suas raízes para baixo, para o tenebroso e profundo: para o mal.”
Assim falou Zaratustra - Nietzsche
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Os Escravos do Pau D'Arco
Era um fim de tarde excepcionalmente triste e escuro. A Lua negara-se a assumir seu posto e o dia de despedia sem deixar substituto. Os pássaros já haviam se recolhido e um silêncio de morte reinava em minha rua. Meus gatos encorujados seguiam-me com seus olhos grandes. Cumprimentei-os, mas não ousaram deixar a laje e miar em coro, como de costume.
Eu, humana, animal inferior, deficiente nos mais importantes instintos, ignorei os sinais da natureza e sai de casa debaixo do céu agourento. Ao entrar no carro tive de acender a luz para localizar alguns objetos. Quando ergui a vista, notei que o vigia vinha em minha direção em uma marcha rápida, inapropriada para o seu corpo idoso. Chegou esbaforido e entrou no veículo sem pedir permissão.
Assustada, perguntei ao velho o que se passava e ele arfou:
- Cuidado com os escravos do Pau D’Arco! – e voltou o olhar assustado para a esquina.
Aquelas palavras me causaram arrepios. Senti, de imediato, que elas designavam algo mau, sombrio. Olhei na direção que ele apontou e vi que três negrinhos vinham rumo ao carro. Eles pareciam escravos norte-americanos foragidos, e seus trajes beiravam a elegância. As duas moças, uma magra e alta, a outra baixa e rechonchuda, trajavam longos vestidos brancos e sunbonnets. Entre as duas estava um negrinho franzino, que parecia ser o mais jovem e tinha menor estatura. Ele vestia uma blusa branca de algodão por dentro da calça grafite, presa por suspensórios.
Era pavoroso, pois eles vinham em nossa direção sem que os pés realizassem o mecanismo do caminhar. Eles vinham flutuando, como espectros, em ritmo constante. Tudo se tornava ainda mais bizarro, pois o negrinho trazia no rosto uma expressão maquiavélica. Esboçava um riso desconfortavelmente exagerado, e por pouco, sua arcada dentária cerrada não unia as orelhas salientes. Ele deslizava a cabeça de um lado para outro, como se procurasse algo com aqueles olhos terrivelmente arregalados. Trazia as mãos magras na altura do peito, e seus dedos se moviam de um jeito maquiavélico, como tramasse mil e um ardis. As moças nada falavam, e em seus lábios cerrados, um riso petrificado, que por nada se desfazia.
Aquilo tudo era tão estranho, que sequer tivemos o ímpeto de fugir. Num piscar de olhos, os três estavam ao meu lado, separados apenas pelo vidro entreaberto. Embora estivesse com medo, senti um súbito desejo de ajudá-los. O negrinho de rosto endiabrado me ofereceu uma pequena cesta, coberta por um paninho xadrez. Subjugada pelo medo, estendi as mãos para recebê-la, como se nada pudesse fazer além de me deixar conduzir. Meu êxtase de submissão foi interrompido pelo vigia, que com um safanão, impediu que minhas mãos tocassem a cesta e os pães que dentro estavam.
- Não toque em nada! Não aceite nada deles! – repreendeu-me.
Naquele momento, foi como se eu despertasse de um encantamento. Como se tivesse imediata clarividência acerca dos intentos diabólicos dos escravos. Encolhi-me de pavor.
O negrinho viu, no tremor involuntário de minhas pupilas, que eu havia descoberto sua identidade demoníaca. Ele espumou de ódio e gritou como uma criança contrariada. Possesso de fúria, movia a cabeça nervosamente e seus olhos irados ameaçavam saltar das órbitas. Começou a falar em dialetos estranhos e eu sabia que aquelas palavras eram cheias de maldições. Comecei a clamar a Deus e pedir que me livrasse de tais sortilégios, mas sua malevolência me oprimia, sufocava minha voz. Eu afundava cada vez mais no banco do carro, sem que pudesse me mover. Meus membros completamente paralisados, não obedeciam minhas intenções de fuga. Estava presa em meu corpo inválido, como se mil demônios me neutralizassem com seus grilhões infernais.
Eu lutava contra aquela energia nefasta, suplicando a Deus em espírito, já que não podia falar. Em meu íntimo, sabia que no último momento, quando clamasse com toda minha fé, Ele me libertaria. Já me livrara tantas outras vezes, embora eu sempre enveredasse por caminhos tortuosos e me afastasse de Sua Graça. Embora eu tivesse negado minha fé em fevereiro de 2013.
E assim aconteceu. No auge de meu desespero e asfixia, o divino nome me resgatou das trevas opressoras.
“Cuidado com os escravos do Pau D’arco”. Compreendi a profecia por trás daquelas palavras. Meditei sobre ela incansáveis vezes. Ainda assim, deixei-me ludibriar pela beleza do ipê que florescia.
Eu, humana, animal inferior, deficiente nos mais importantes instintos, ignorei os sinais da natureza e sai de casa debaixo do céu agourento. Ao entrar no carro tive de acender a luz para localizar alguns objetos. Quando ergui a vista, notei que o vigia vinha em minha direção em uma marcha rápida, inapropriada para o seu corpo idoso. Chegou esbaforido e entrou no veículo sem pedir permissão.
Assustada, perguntei ao velho o que se passava e ele arfou:
- Cuidado com os escravos do Pau D’Arco! – e voltou o olhar assustado para a esquina.
Aquelas palavras me causaram arrepios. Senti, de imediato, que elas designavam algo mau, sombrio. Olhei na direção que ele apontou e vi que três negrinhos vinham rumo ao carro. Eles pareciam escravos norte-americanos foragidos, e seus trajes beiravam a elegância. As duas moças, uma magra e alta, a outra baixa e rechonchuda, trajavam longos vestidos brancos e sunbonnets. Entre as duas estava um negrinho franzino, que parecia ser o mais jovem e tinha menor estatura. Ele vestia uma blusa branca de algodão por dentro da calça grafite, presa por suspensórios.
Era pavoroso, pois eles vinham em nossa direção sem que os pés realizassem o mecanismo do caminhar. Eles vinham flutuando, como espectros, em ritmo constante. Tudo se tornava ainda mais bizarro, pois o negrinho trazia no rosto uma expressão maquiavélica. Esboçava um riso desconfortavelmente exagerado, e por pouco, sua arcada dentária cerrada não unia as orelhas salientes. Ele deslizava a cabeça de um lado para outro, como se procurasse algo com aqueles olhos terrivelmente arregalados. Trazia as mãos magras na altura do peito, e seus dedos se moviam de um jeito maquiavélico, como tramasse mil e um ardis. As moças nada falavam, e em seus lábios cerrados, um riso petrificado, que por nada se desfazia.
Aquilo tudo era tão estranho, que sequer tivemos o ímpeto de fugir. Num piscar de olhos, os três estavam ao meu lado, separados apenas pelo vidro entreaberto. Embora estivesse com medo, senti um súbito desejo de ajudá-los. O negrinho de rosto endiabrado me ofereceu uma pequena cesta, coberta por um paninho xadrez. Subjugada pelo medo, estendi as mãos para recebê-la, como se nada pudesse fazer além de me deixar conduzir. Meu êxtase de submissão foi interrompido pelo vigia, que com um safanão, impediu que minhas mãos tocassem a cesta e os pães que dentro estavam.
- Não toque em nada! Não aceite nada deles! – repreendeu-me.
Naquele momento, foi como se eu despertasse de um encantamento. Como se tivesse imediata clarividência acerca dos intentos diabólicos dos escravos. Encolhi-me de pavor.
O negrinho viu, no tremor involuntário de minhas pupilas, que eu havia descoberto sua identidade demoníaca. Ele espumou de ódio e gritou como uma criança contrariada. Possesso de fúria, movia a cabeça nervosamente e seus olhos irados ameaçavam saltar das órbitas. Começou a falar em dialetos estranhos e eu sabia que aquelas palavras eram cheias de maldições. Comecei a clamar a Deus e pedir que me livrasse de tais sortilégios, mas sua malevolência me oprimia, sufocava minha voz. Eu afundava cada vez mais no banco do carro, sem que pudesse me mover. Meus membros completamente paralisados, não obedeciam minhas intenções de fuga. Estava presa em meu corpo inválido, como se mil demônios me neutralizassem com seus grilhões infernais.
Eu lutava contra aquela energia nefasta, suplicando a Deus em espírito, já que não podia falar. Em meu íntimo, sabia que no último momento, quando clamasse com toda minha fé, Ele me libertaria. Já me livrara tantas outras vezes, embora eu sempre enveredasse por caminhos tortuosos e me afastasse de Sua Graça. Embora eu tivesse negado minha fé em fevereiro de 2013.
E assim aconteceu. No auge de meu desespero e asfixia, o divino nome me resgatou das trevas opressoras.
“Cuidado com os escravos do Pau D’arco”. Compreendi a profecia por trás daquelas palavras. Meditei sobre ela incansáveis vezes. Ainda assim, deixei-me ludibriar pela beleza do ipê que florescia.
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