No sonho, eu estava em uma praia muito bonita. De olhos fechados,
sentia as mãos do vento acariciar meu corpo bronzeado. Era gostoso estar ali
sentada na areia, à meia sombra de uma choupana, à meia luz do Sol. Estava
realmente muito agradável, e eu poderia ficar ali para sempre. Até que eu abri
meus olhos e vi ao longe um peixe se debatendo na areia. Imediatamente levantei
e corri para junto do animal, que agonizava em busca de água. Sem receio e
ansiosa para ajudá-lo a voltar ao mar, tentei segurá-lo com as mãos. No
entanto, ele pulou no segundo seguinte. Tentei novamente agarrá-lo, mas ele
sempre pulava de minhas mãos, escorregadio. Comecei a me desesperar, pois
aquela era uma luta contra o tempo, uma luta pela vida daquele animal burro que
negava meu auxílio. Em vão. Acabei por perdê-lo. Não sei se morreu ou se voltou
ao mar. Ele simplesmente sumiu em meio à areia dourada e eu não pude mais
encontrá-lo. Frustrada e cabisbaixa, sai caminhando pela beira mar. A água
cristalina daquela praia era até reconfortante... Caminhei, caminhei, até que
vi uma forma escura e grande dentro da água. Era um bagre enorme, com
aproximadamente um metro de comprimento e "bigodes" compridos. Ele
estava na beira do mar, mas ainda submerso. As ondas não tinham poder sobre o
seu corpo. Ele sequer balançava com as investidas da água. Mantinha-se firme,
com o bater de suas nadadeiras. Ele me encarava, misterioso e eu lhe disse com
os olhos que saísse dali antes que o pescassem. Mal terminei minha intenção de
pensamento, surgiu um preto velho ao meu lado. Ele estava sem camisa, e com uma
bermuda surrada. Sem nada dizer, ele entrou na água, tomou o grande peixe em
seus braços e saiu.
Não posso escrever sobre a revelação deste sonho. Tem coisas que
temo escrever, pronunciar e até pensar. Mas preciso lembrar e me esforçar ainda
mais pelas virtudes do amor incondicional, da humildade, sabedoria e paciência.
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