sábado, 30 de janeiro de 2016

Peixes

No sonho, eu estava em uma praia muito bonita. De olhos fechados, sentia as mãos do vento acariciar meu corpo bronzeado. Era gostoso estar ali sentada na areia, à meia sombra de uma choupana, à meia luz do Sol. Estava realmente muito agradável, e eu poderia ficar ali para sempre. Até que eu abri meus olhos e vi ao longe um peixe se debatendo na areia. Imediatamente levantei e corri para junto do animal, que agonizava em busca de água. Sem receio e ansiosa para ajudá-lo a voltar ao mar, tentei segurá-lo com as mãos. No entanto, ele pulou no segundo seguinte. Tentei novamente agarrá-lo, mas ele sempre pulava de minhas mãos, escorregadio. Comecei a me desesperar, pois aquela era uma luta contra o tempo, uma luta pela vida daquele animal burro que negava meu auxílio. Em vão. Acabei por perdê-lo. Não sei se morreu ou se voltou ao mar. Ele simplesmente sumiu em meio à areia dourada e eu não pude mais encontrá-lo. Frustrada e cabisbaixa, sai caminhando pela beira mar. A água cristalina daquela praia era até reconfortante... Caminhei, caminhei, até que vi uma forma escura e grande dentro da água. Era um bagre enorme, com aproximadamente um metro de comprimento e "bigodes" compridos. Ele estava na beira do mar, mas ainda submerso. As ondas não tinham poder sobre o seu corpo. Ele sequer balançava com as investidas da água. Mantinha-se firme, com o bater de suas nadadeiras. Ele me encarava, misterioso e eu lhe disse com os olhos que saísse dali antes que o pescassem. Mal terminei minha intenção de pensamento, surgiu um preto velho ao meu lado. Ele estava sem camisa, e com uma bermuda surrada. Sem nada dizer, ele entrou na água, tomou o grande peixe em seus braços e saiu. 


Não posso escrever sobre a revelação deste sonho. Tem coisas que temo escrever, pronunciar e até pensar. Mas preciso lembrar e me esforçar ainda mais pelas virtudes do amor incondicional, da humildade, sabedoria e paciência.

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