Quero que saibas
uma coisa.
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
Pablo Neruda, “Poemas de Amor de Pablo Neruda”
---
Simplesmente lindo este poema *-*
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Assinar:
Postar comentários (Atom)
ETERNA MÁGOA – poema de Augusto dos Anjos
O homem por sobre quem caiu a praga Da tristeza do mundo, o homem que é triste Para todos os séculos existe E nunca mais o seu pesar se a...
-
Meu corpo está cansado, mas não me permite descansar. Tenho que trocar as bandagens antes que as moscas gordas pousem em minhas chagas, e n...
-
Às vezes analogias não passam de figuras de linguagem que utilizamos para consolidar argumentos falaciosos. Mas às vezes elas são como perf...
-
Tomei a pequena taça e, num gole precipitado, ingeri toda aquela substância cristalina. No entanto, antes mesmo que o líquido percorresse m...
Nenhum comentário:
Postar um comentário