sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Sonho...

E em sonho estava numa bela e agradável praia, situada no fim do mundo. Nela viviam umas poucas pessoas em comunidade. Suas casinhas e barracas eram humildemente construídas com madeira e palha, cerca de dez palafitas sob finas pernas de madeira na beira do mar. Explicaram-me que aquela altura era necessária, pois o mar era bravo e ondas altíssimas invadiam a orla de forma inesperada. Uma hora estava tudo calmo e no momento seguinte era como se um monstro marítimo furioso despertasse, destruindo tudo com seus vagalhões. Era impossível prever.
Foi assim naquela manhã morna. O mar cristalino brilhava como diamantes ao sol. Conversávamos e comíamos frutos do mar, quando avistamos ao longe uma grande onda se erguer. Ela era maior que tudo. Era a maior onda que tinham visto desde então.
Instruídos pelos nativos, agarramo-nos cada um às vigas de carnaúba que sustentavam a palafita. Aguardamos a grande onda, que veio e esmurrou nossas costas com a força de um titã. Meu grito de pavor logo foi abafado pela água, que nos engoliu por completo. Tudo ficou azul, e eu via objetos sendo arrastados, passando por mim à toda velocidade. Temi que algum deles me atingisse mortalmente. Então fechei os olhos e aguardei passar.
Quando a água finalmente se retirou, eu e meu marido estávamos vivos, buscando o ar com olhos arregalados. Foi quando percebemos que outra onda se formava no horizonte.
Por algum motivo, ou uma coragem burra, resolvi encarar a próxima onda sob uma grande tábua de madeira. Assim o fiz, deitei-me sobre ela de barriga, segurando-me em suas bordas com braços abertos. Como um mártir na cruz, ou como a Rose em Titanic... A onda veio, e eu deslizei sobre ela usando a madeira como prancha.
Curiosamente, sobrevivi. A onda me levou à uma ilha, distante e escondida. A água era cristalina, mas me parecia perigosa. Senti medo e solidão. Saí com urgência e dificuldade da água. Para "subir" na ilha, tive que me erguer como quem sai de uma piscina. Em terra firme, percebi que não estava sozinha. Vi um crocodilo morto e muitos saguis. Depois notei a presença de pessoas, que pareciam foras-da-lei. Eram como guerrilheiros, integrantes das Farcs. Estive certa de que seria morta ou estuprada. No entanto, logo percebi que se tratava de fabricantes de dinheiro falso. Eles quiseram me recrutar para aquele trabalho ilícito. Prontamente aceitei, pois temi não ter escolha. Quis fugir, mas percebi que o mar raso e cristalino estava repleto de crocodilos de água salgada. Só podia estar na Austrália... Escondida, consegui ligar para a polícia e clamar por socorro.
De repente, apareceram milhares de cavaleiros na água. Desesperei-me pois cavalgavam entre crocodilos. Não demorou até que os répteis começassem a atacar as patas dos cavalos. E todos eles sucumbiram naquelas águas.

Sensação de mau agouro, exceto pelo pequeno macaco negro que me cumprimentou e brincou com meus dedos...

Não sei porque tenho sonhado tanto com isso. Sempre praia, água, ondas, tsunamis. Sempre crocodilos ou onças. Sempre...

Medo...

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