O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resisitir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga
Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!
Magia de Pan
sexta-feira, 23 de março de 2018
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
Sinceramente
Era uma boa pessoa. Uma estranha na Terra. Um coração
rejeitado pelo organismo “mundo”.
Foi aí que me disseram:
“Aqui não há lugar para quem é bom. Não há compreensão. Você
não passa de uma engrenagem defeituosa que faz a máquina do progresso girar no
sentido contrário. Por aqui não há tempo a perder, não há casos a considerar. A
vida dos mais fracos é descartável, até mesmo um estorvo. Compromete os lucros,
atrofia o sistema. Gera estatísticas negativas, as cifras caem. Vamos. Continue
andando, siga em frente. Não podemos parar.”
“Mas para onde devo caminhar? O que há no fim da estrada?”
“Não se sabe ao certo, mas há tesouros a acumular, imagens a
construir. Lave o rosto e cubra o que houver de imperfeito. Enxugue as
lágrimas, ande.”
“Eu não posso evitar. Meu coração se comove.”
“Trate de conseguir.”
“E se eu não conseguir? Se eu não quiser mudar? E se eu tiver convicção de que
estou certa? De que toda vida importa? Se eu não conseguir dormir? E se meu
travesseiro macio se transformar num formigueiro mortal e devorar minha consciência?
Se eu nunca mais tiver paz?”
“Nesses tempos, a paz é uma foto com legenda. Já criou seu conceito? Já encontrou seu ângulo perfeito? No fim, tudo é sobre o que os outros acreditam. Feito isso, a ilusão é perfeita. O resto se engole, passa-se por cima, joga-se para debaixo
do tapete ou numa lixeira qualquer”.
“Não sei viver desta forma. Não sei viver de outra forma. Não sei me desfazer do que
tenho dentro de mim sem que eu me vá. Assumo agora que faço parte da escória. Da
insignificância. Do nada. Eu não sou nada, nunca fui nem hei de ser coisa
alguma. EU NÃO SOU NADA, e o que penso ter me escapa entre os dedos. Sou o que se
vomita, o que se passa por cima, o que se joga debaixo do tapete ou apodrece em
uma lixeira qualquer. Eu sou a vira-latas parida com o olho furado. Sou aquela que aborta no meio da rua, sem panos limpos e água morna. Não há um lar ou a porta aberta de um quarto para que eu entre. Eu sou o
que recebe toda a chuva na fronte. A que ficou de fora da arca no dilúvio. Sou aquela que passa frio, que morre de fome. Sou
a que arqueja em na calçada por entre pés e passos desatentos. Na ausência de outras
almas, sofro. Eu sinto toda a dor dentro de mim. Sinto, mas não é meu desejo
continuar. Eu não quero mais continuar.”
"Ora. Esperava salvar o mundo todo?!"
"Se PUDESSE, eu FARIA."
"Mas tu não podes."
"Eu sei. Em meus sonhos, o sistema de fato existe. Mas nos meus sonhos ele não é apenas essa histeria humana de somas imaginárias, dígitos e algorítimos. Ele também é um sistema elétrico movido a energia, fios, conectores. E no meu sonho, cada pessoa está ligada à uma fonte de energia. E no meu sonho, bastaria puxar o meu fio da tomada. E eu deixaria de existir."
"Como disseste, são sonhos, devaneios."
"Assim como as leis que movimentam o mundo e que não levam ninguém a lugar algum. Assim como o dinheiro, que não passa de papel pintado. Assim como as horas, os dias, os anos, os títulos, os nomes. São invenções humanas, algemas, amarras. Estou cansada."
"Ninguém te obriga a estar aqui."
"Se eu me for, o mundo continuará a existir."
"Tu és complicada."
"Sim. Sou uma bomba relógio defeituosa. Uma granada com o pino emperrado."
sábado, 9 de dezembro de 2017
Aviso
Tive um sonho horrível. Nele, eu era apenas observadora dos fatos. O protagonista era um assassino em série mentalmente perturbado. E depois de cometer seus diversos assassínios, ele ouviu um barulho em sua penumbrosa residência. Ele caminhou pelos cômodos daquela velha mansão, e ao descer as escadas deparou-se com a origem do barulho: uma mulher completamente nua que debatia-se contra o chão e paredes. Ela estava tendo relações sexuais com um ser inanimado, uma força invisível. Ela contorcia-se de uma forma horrenda, e eu soube que ela estava possuída por uma entidade maligna. Ela olhou para o rapaz assassino, e falou com uma voz grossíssima:
"Avise para sua mãe que ela tem um pacto com o mesmo que eu."
Achei esse sonho simplesmente pesado...
"Avise para sua mãe que ela tem um pacto com o mesmo que eu."
Achei esse sonho simplesmente pesado...
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Sonho...
E em sonho estava numa bela e agradável praia, situada no fim do mundo. Nela viviam umas poucas pessoas em comunidade. Suas casinhas e barracas eram humildemente construídas com madeira e palha, cerca de dez palafitas sob finas pernas de madeira na beira do mar. Explicaram-me que aquela altura era necessária, pois o mar era bravo e ondas altíssimas invadiam a orla de forma inesperada. Uma hora estava tudo calmo e no momento seguinte era como se um monstro marítimo furioso despertasse, destruindo tudo com seus vagalhões. Era impossível prever.
Foi assim naquela manhã morna. O mar cristalino brilhava como diamantes ao sol. Conversávamos e comíamos frutos do mar, quando avistamos ao longe uma grande onda se erguer. Ela era maior que tudo. Era a maior onda que tinham visto desde então.
Instruídos pelos nativos, agarramo-nos cada um às vigas de carnaúba que sustentavam a palafita. Aguardamos a grande onda, que veio e esmurrou nossas costas com a força de um titã. Meu grito de pavor logo foi abafado pela água, que nos engoliu por completo. Tudo ficou azul, e eu via objetos sendo arrastados, passando por mim à toda velocidade. Temi que algum deles me atingisse mortalmente. Então fechei os olhos e aguardei passar.
Quando a água finalmente se retirou, eu e meu marido estávamos vivos, buscando o ar com olhos arregalados. Foi quando percebemos que outra onda se formava no horizonte.
Por algum motivo, ou uma coragem burra, resolvi encarar a próxima onda sob uma grande tábua de madeira. Assim o fiz, deitei-me sobre ela de barriga, segurando-me em suas bordas com braços abertos. Como um mártir na cruz, ou como a Rose em Titanic... A onda veio, e eu deslizei sobre ela usando a madeira como prancha.
Curiosamente, sobrevivi. A onda me levou à uma ilha, distante e escondida. A água era cristalina, mas me parecia perigosa. Senti medo e solidão. Saí com urgência e dificuldade da água. Para "subir" na ilha, tive que me erguer como quem sai de uma piscina. Em terra firme, percebi que não estava sozinha. Vi um crocodilo morto e muitos saguis. Depois notei a presença de pessoas, que pareciam foras-da-lei. Eram como guerrilheiros, integrantes das Farcs. Estive certa de que seria morta ou estuprada. No entanto, logo percebi que se tratava de fabricantes de dinheiro falso. Eles quiseram me recrutar para aquele trabalho ilícito. Prontamente aceitei, pois temi não ter escolha. Quis fugir, mas percebi que o mar raso e cristalino estava repleto de crocodilos de água salgada. Só podia estar na Austrália... Escondida, consegui ligar para a polícia e clamar por socorro.
De repente, apareceram milhares de cavaleiros na água. Desesperei-me pois cavalgavam entre crocodilos. Não demorou até que os répteis começassem a atacar as patas dos cavalos. E todos eles sucumbiram naquelas águas.
Sensação de mau agouro, exceto pelo pequeno macaco negro que me cumprimentou e brincou com meus dedos...
Não sei porque tenho sonhado tanto com isso. Sempre praia, água, ondas, tsunamis. Sempre crocodilos ou onças. Sempre...
Medo...
E em sonho estava numa bela e agradável praia, situada no fim do mundo. Nela viviam umas poucas pessoas em comunidade. Suas casinhas e barracas eram humildemente construídas com madeira e palha, cerca de dez palafitas sob finas pernas de madeira na beira do mar. Explicaram-me que aquela altura era necessária, pois o mar era bravo e ondas altíssimas invadiam a orla de forma inesperada. Uma hora estava tudo calmo e no momento seguinte era como se um monstro marítimo furioso despertasse, destruindo tudo com seus vagalhões. Era impossível prever.
Foi assim naquela manhã morna. O mar cristalino brilhava como diamantes ao sol. Conversávamos e comíamos frutos do mar, quando avistamos ao longe uma grande onda se erguer. Ela era maior que tudo. Era a maior onda que tinham visto desde então.
Instruídos pelos nativos, agarramo-nos cada um às vigas de carnaúba que sustentavam a palafita. Aguardamos a grande onda, que veio e esmurrou nossas costas com a força de um titã. Meu grito de pavor logo foi abafado pela água, que nos engoliu por completo. Tudo ficou azul, e eu via objetos sendo arrastados, passando por mim à toda velocidade. Temi que algum deles me atingisse mortalmente. Então fechei os olhos e aguardei passar.
Quando a água finalmente se retirou, eu e meu marido estávamos vivos, buscando o ar com olhos arregalados. Foi quando percebemos que outra onda se formava no horizonte.
Por algum motivo, ou uma coragem burra, resolvi encarar a próxima onda sob uma grande tábua de madeira. Assim o fiz, deitei-me sobre ela de barriga, segurando-me em suas bordas com braços abertos. Como um mártir na cruz, ou como a Rose em Titanic... A onda veio, e eu deslizei sobre ela usando a madeira como prancha.
Curiosamente, sobrevivi. A onda me levou à uma ilha, distante e escondida. A água era cristalina, mas me parecia perigosa. Senti medo e solidão. Saí com urgência e dificuldade da água. Para "subir" na ilha, tive que me erguer como quem sai de uma piscina. Em terra firme, percebi que não estava sozinha. Vi um crocodilo morto e muitos saguis. Depois notei a presença de pessoas, que pareciam foras-da-lei. Eram como guerrilheiros, integrantes das Farcs. Estive certa de que seria morta ou estuprada. No entanto, logo percebi que se tratava de fabricantes de dinheiro falso. Eles quiseram me recrutar para aquele trabalho ilícito. Prontamente aceitei, pois temi não ter escolha. Quis fugir, mas percebi que o mar raso e cristalino estava repleto de crocodilos de água salgada. Só podia estar na Austrália... Escondida, consegui ligar para a polícia e clamar por socorro.
De repente, apareceram milhares de cavaleiros na água. Desesperei-me pois cavalgavam entre crocodilos. Não demorou até que os répteis começassem a atacar as patas dos cavalos. E todos eles sucumbiram naquelas águas.
Sensação de mau agouro, exceto pelo pequeno macaco negro que me cumprimentou e brincou com meus dedos...
Não sei porque tenho sonhado tanto com isso. Sempre praia, água, ondas, tsunamis. Sempre crocodilos ou onças. Sempre...
Medo...
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Se me esqueceres
Quero que saibas
uma coisa.
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
Pablo Neruda, “Poemas de Amor de Pablo Neruda”
---
Simplesmente lindo este poema *-*
uma coisa.
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
Pablo Neruda, “Poemas de Amor de Pablo Neruda”
---
Simplesmente lindo este poema *-*
nada
Estou certa de que há algo errado com este mundo. Não é por
acaso que ele não é uma forma perfeita... que caminhe lento em elipses
tortas... que gire desconsertado em seu eixo, como uma engrenagem danificada. O
planeta há muito descarrilou de sua órbita. Existem erros incorrigíveis, coisas
que não podem ser consertadas. Eu sou uma delas e estou prestes a não conseguir
mais. É um quebra cabeças onde faltam muitas peças: essa vida. Pra piorar, a
caixa está repleta de peças falsas, que jamais se encaixariam em qualquer
lugar. Sou uma dessas peças. Meus encaixes estão completamente desgastados das tentativas
falhas de compor uma imagem perfeita. Como fazer de mim uma nova forma sem parecer
uma aberração? Como aparar as arestas sem que eu me esvaia em sangue e morra
louca? Temo já estar louca, e sangrando,
e sujando tudo. Eu já estou, sim. Estou cansada, mal posso lutar contra mim.
Tudo causa câncer, até respirar. Eu posso ouvir os gemidos de quem está em dor,
numa distância daqui até o Japão. Posso ouvir o crepitar do fogo na mata, o
choro de uma baleia, o quebrar de ossos. Posso ver e rever as injustiças em um
loop eterno. Não consigo fechar os olhos. Não possuo mais pálpebras. O inferno
é aqui? Não sei onde está o controle-remoto. Não posso mudar o mundo, não. Não
posso mudar a mim mesma. Não consigo tocar o dedo do pé na minha nuca, ou a
barriga em meus joelhos. Não consigo rodopiar sem ficar tonta. Meu olhar não
chega ao ponto fixo na parede antes do resto do corpo. Meus membros estão
flácidos, mas não me resta tempo pra lutar contra o tempo. Eu sou o desencaixe.
A sede de justiça, que não morre nunca. Por pura covardia. Sou covarde, de
mente barroca. Sou boa, eu sei que sou. Sou uma pessoa boa. Sou uma pessoa boa.
Sou uma pessoa boa. Mas não sou desse mundo. Não pertenço, não me encaixo, não
compreendo. Porque minha mente processa tudo do jeito que deveria ser, mas
simplesmente não é. Eu sei de tudo, mas não sei de nada. Falhei com muitos, mas
foi pouco perto de como falhei comigo mesma. Como me iludi. Como fui vítima de
meus anseios e segui sorrindo pela trilha da utopia. Dos meus sonhos, meus
maiores algozes. Sou pequena. Sou uma mosca. Sou o vira-latas que passa fome,
que pega chuva, que foge dos homens e às vezes morde. Sou menor que o nada que
está ao meu alcance. Sou o Layne Staley, de olhos fechados sempre. Sou o
unplugged de Alice in Chains... Sou o cansaço. Sou o morrer na praia. Sou o correr correr, sem chegar a lugar nenhum. Não sou nada. Eu não sou nada. Não passo de um
nada.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Dream of flood
"As the water come rushing in...
As the water come rushing over...
Dream of flood..."
Sonho com grandes inundações. Na verdade, sonho com terríveis tsunamis. Já foram três sonhos no total. Em um momento estou numa bela praia, em um apartamento ou numa casa, quando vejo de súbito uma imensa onda se formar no horizonte. Eu sei bem o que está por vir. Rapidamente, convoco todos que estão comigo para entrarmos no abrigo mais próximo. Se agir com precisão, sei que o manto impetuoso de mar não matará a todos.
Seguro quem eu amo pela mão. Com a outra, coloco um gato em meu ombro ou protejo uma criança.
"Rápido, subam o mais rápido que puderem. Apeguem-se firmemente às estruturas sólidas." - digo ao meu marido, aos meus amigos.
E enquanto me protejo, assisto pela janela o vagalhão adquirir estatura colossal. Um misto de pavor e admiração inunda meu corpo por inteiro. É realmente aterrorizante. A onda, mais alta que qualquer coisa existente na terra atinge nosso abrigo e toda a estrutura treme com o choque. O estrondo é sinistro e reverbera em nosso corpo, nossa alma. Através de uma pequena janela, assistimos de olhos arregalados tudo de repente se tornar azul, e rezamos para que o frágil vidro não se rompa. E ele resiste. E eu acordo... Como um filme interrompido no grande clímax...
É sempre perto do amanhecer quando esse sonho vem. E depois eu acordo, ainda com medo. Ainda maravilhada com todo aquele azul. A expressão em meu rosto é de "ufa...". Passo a costa da mão sobre testa, como se nela houvesse suor. Digo ao meu marido que sobrevivemos à um tsunami, mas ele ainda está sonolento demais pra entender. Então eu me levanto meio eufórica, meio orgulhosa, meio com receio de que esse sonho seja uma premonição.
Dificilmente um tsunami chegaria à minha cidade, mas poderia com algum algum azar devastar o litoral de meu estado, que é o cenário do sonho. No entanto, meu receio é que esses conhos consecutivos sejam o presságio de tempos difíceis para mim, ou uma alusão às inundações emocionais que vez ou outra me atingem em cheio. Meu signo é da água, e o excesso dela reflete bem o meu sentimentalismo sempre exagerado.
Prazer, meu nome é Jessica, mas pode me chamar de Drama Queen.
Mas de certa forma me tranquilizo, pois eu sempre sobrevivo no fim.
---
05/09: Continuo sonhando com tsunamis. Mas dessa vez, a onda já tinha passado quando cheguei. O mar engolira o lugar por inteiro e depois regurgitara tudo envolto em lama marrom. Outrora sólida, agora a cidade não passava de uma frágil maquete destruída por um arquiteto furioso. Diogo e eu caminhávamos entre o vômito do mar, escolhendo bem os passos entre escombros e poças. Abrigamo-nos em uma pequena cabana parcialmente destruída e com vista para oceano. Sentamo-nos e aconchegamo-nos um no outro, ao som do initerrupto gotejar. Relâmpagos impetuosos cortavam o céu cinzento, e seus punhos de eletricidade esmurravam a terra fazendo o chão tremer. Fumaça subia da terra, como se a Natureza resfolegasse, completamente farta da existência humana.
---
Coincidência ou não, esse último relato foi a quarta vez que sonhei com tsunami de agosto pra cá... E olha só o que tá acontecendo no mundo?
Meu nome é Jessica, mas pode me chamar de "Cassandra, a Profetiza"
Misericórdia, Deus :(
As the water come rushing over...
Dream of flood..."
Sonho com grandes inundações. Na verdade, sonho com terríveis tsunamis. Já foram três sonhos no total. Em um momento estou numa bela praia, em um apartamento ou numa casa, quando vejo de súbito uma imensa onda se formar no horizonte. Eu sei bem o que está por vir. Rapidamente, convoco todos que estão comigo para entrarmos no abrigo mais próximo. Se agir com precisão, sei que o manto impetuoso de mar não matará a todos.
Seguro quem eu amo pela mão. Com a outra, coloco um gato em meu ombro ou protejo uma criança.
"Rápido, subam o mais rápido que puderem. Apeguem-se firmemente às estruturas sólidas." - digo ao meu marido, aos meus amigos.
E enquanto me protejo, assisto pela janela o vagalhão adquirir estatura colossal. Um misto de pavor e admiração inunda meu corpo por inteiro. É realmente aterrorizante. A onda, mais alta que qualquer coisa existente na terra atinge nosso abrigo e toda a estrutura treme com o choque. O estrondo é sinistro e reverbera em nosso corpo, nossa alma. Através de uma pequena janela, assistimos de olhos arregalados tudo de repente se tornar azul, e rezamos para que o frágil vidro não se rompa. E ele resiste. E eu acordo... Como um filme interrompido no grande clímax...
É sempre perto do amanhecer quando esse sonho vem. E depois eu acordo, ainda com medo. Ainda maravilhada com todo aquele azul. A expressão em meu rosto é de "ufa...". Passo a costa da mão sobre testa, como se nela houvesse suor. Digo ao meu marido que sobrevivemos à um tsunami, mas ele ainda está sonolento demais pra entender. Então eu me levanto meio eufórica, meio orgulhosa, meio com receio de que esse sonho seja uma premonição.
Dificilmente um tsunami chegaria à minha cidade, mas poderia com algum algum azar devastar o litoral de meu estado, que é o cenário do sonho. No entanto, meu receio é que esses conhos consecutivos sejam o presságio de tempos difíceis para mim, ou uma alusão às inundações emocionais que vez ou outra me atingem em cheio. Meu signo é da água, e o excesso dela reflete bem o meu sentimentalismo sempre exagerado.
Prazer, meu nome é Jessica, mas pode me chamar de Drama Queen.
Mas de certa forma me tranquilizo, pois eu sempre sobrevivo no fim.
---
05/09: Continuo sonhando com tsunamis. Mas dessa vez, a onda já tinha passado quando cheguei. O mar engolira o lugar por inteiro e depois regurgitara tudo envolto em lama marrom. Outrora sólida, agora a cidade não passava de uma frágil maquete destruída por um arquiteto furioso. Diogo e eu caminhávamos entre o vômito do mar, escolhendo bem os passos entre escombros e poças. Abrigamo-nos em uma pequena cabana parcialmente destruída e com vista para oceano. Sentamo-nos e aconchegamo-nos um no outro, ao som do initerrupto gotejar. Relâmpagos impetuosos cortavam o céu cinzento, e seus punhos de eletricidade esmurravam a terra fazendo o chão tremer. Fumaça subia da terra, como se a Natureza resfolegasse, completamente farta da existência humana.
---
Coincidência ou não, esse último relato foi a quarta vez que sonhei com tsunami de agosto pra cá... E olha só o que tá acontecendo no mundo?
Meu nome é Jessica, mas pode me chamar de "Cassandra, a Profetiza"
Misericórdia, Deus :(
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